sábado, 18 de abril de 2009

Estratégias do mercado independente: da primeira demo aos festivais internacionais

O Abril pro Rock 2009 deu início às suas atividades promovendo um encontro no auditório da Livraria Cultura, no recife antigo.

A idéia foi continuar o debate já corrente sobre as novas possibilidades de crescimento dentro do mercado independente nacional e internacional. Para isso, foram convocados Fabrício Nobre (presidente da Abrafin - Associação Brasileira de Festivais Independentes, dono do selo Monstro Discos e produtor dos festivais Goiânia Noise), Quinn Caruana (diretora criativa e curadora do festival canadense Pop Montreal) e Carlos Eduardo Miranda (jornalista e produtor que lançou bandas como Mundo Livre S/A e Cansei de Ser Sexy, também responsável pela criação do site Trama Virtual).

Photobucket
O jornalista Guilherme Moura mediou a conversa

Auditório lotado, muitas perguntas na cabeça. O fio condutor na conversa foi a necessidade de articulação por parte dos artistas. A importância do networking, isto é, de saber estabelecer contatos estratégicos e parcerias, foi reiterado várias vezes por Fabrício Nobre. Como exemplo, ele citou o caso do Circuito Fora do Eixo, que reúne mais de 30 coletivos de todo o país e produz festivais integrados como o Grito Rock e o Festival Fora do Eixo, ações que são viabilizadas através de uma intensa rede de parceriais. Outro exemplo é o Lucy and the Popsonics, dupla goiana que conseguiu articular um mês de apresentações quase diárias em várias cidades da América do Norte sem precisar sair da frente do computador. A internet é, não restam dúvidas, a ferramenta definitiva para quem quer mostrar seu trabalho.
Outro ponto destacado por Nobre foi a importância do artista investir em circulação, principalmente buscando participar de festivais, mesmo que os custos da viagem não sejam sanados pelo contratante. Esses eventos geram uma contrapartida institucional e uma repercussão midiática espontânea que vão fortalecer o nome da banda de forma muito mais valiosa do que possivelmente seria um cachê em espécie - que o diga o Macaco Bong, banda assumidamente correria que levou o título de Melhor CD do Ano com seu primeiro disco, Artista Igual Pedreiro, na revista Rolling Stone.

Photobucket
O público atento encheu o auditório da livraria

Miranda, que por vezes surpreendeu a platéia com rápidos cochilinhos, trouxe para a conversa a perspectiva do produtor experiente que circula pelo "mainstream". Falou sobre a história da crise das grandes gravadoras e incentivou bandas a deixarem de lado a idéia de que aparecer em programas populares da tv aberta seria um ponto determinante em uma carreira.

Quinn Caruana introduziu a platéia à realidade da cena norte-americana e suas diferenças com a nossa. O festival que produz, o Pop Montreal, é uma vitrine internacional e recebe anualmente em torno de 2000 inscrições de artistas do mundo inteiro. Lá é muito forte a cultura de circulação das bandas, de forma que existe um circuito com inúmeras casas, nas capitais e no interior, que mal comportam a grande quantidade de bandas que compõem o já saturado mercado musical independente norte-americano.

A platéia, composta principalmente por músicos independentes, jornalistas e produtores, compareceu, opinou e se divertiu com as sonequinhas do Miranda. Bom sinal. Parece que finalmente estamos cada vez mais buscando nos informar e aproveitando bem as oportunidades de debate.

Um comentário:

maestro disse...

Parabéns pelo debate, sempre importanet trocar idéias. Só não concordo com essa história do contratante não bancar o deslocamento dos músicos, Véi, tá na hora de alimentar a cadeia produtiva pro lado dos criadores e não só das criaturas! Produtores de Festivais, vamos refazer as planilhas!!!!!
Abs muito som!