terça-feira, 7 de julho de 2009

Como foi? Usina da Cultura em Mossoró

No meio do corre-corre que tá o Lumo nesses dias, acabei atrasando um pouco o relato sobre a nossa experiência em Mossoró. O que acabou sendo interessante, já que pude ler comentários e coberturas desse evento em outros lugares e perceber as diferentes opiniões e impressões sobre o mesmo.

Por fazer parte do Lumo e da Nuda, acho que consegui entender bem porque houveram tantas diferenças de percepção da mesma coisa. Dessa forma vou dividir o texto em duas visões.

1 - Músico da Nuda

Nunca havíamos tocado em Mossoró. O mais perto que havíamos chegado de lá foi nos shows em Natal. Ficamos lisongeados pelo convite para participar do festival, ainda mais quando vimos que na escalação iríamos tocar logo antes do Cordel do Fogo Encantado, às 22:30. Apesar de ter ido dirigindo de Recife até lá - foram 7 horas na ida -, consegui um tempo de descanso suficiente pra estar bem disoposto a tocar no horário combinado. Por conta de um atraso gigantesco na montagem do palco - a equipe contratada havia prometido deixar palco, luz e som prontos até às 8 da manhã, quando na verdade foi tudo finalizado apenas às 3 da tarde - foi impossível qualquer banda além do Cordel passar o som. E aí se iniciou uma bola de neve.

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O Dossa até tentou ajudar

A passagem de som do Cordel demorou muito, muito mesmo. Tudo bem que já eram eperadas 3 horas pros Arcoverdenses deixarem o som tinindo, mas imagina o que isso significa quando o seu evento já está com 7 horas de atraso... Pois bem, o resultado é que a primeira banda foi começar a tocar lá pras 9 da noite, e o Cordel tinha no contrato com o pessoal do festival que não tocaria depois das 23:30. O jeito foi puxar os caras pra antes, alterando emergencialmente a programação. Eles, que seriam a nona banda, passaram pra quinta.

Até aí quase tudo bem. No palco era evidente a necessidade de uma equipe de som mais ágil e experiente. A demora entre um show e outro, somado ao silêncio na troca de equipamentos, dava a sensação que demorava mais do que realmente acontecia. O intervalo tinha virado um grande momento de tédio para o público e preocupação para os organizadores.

Na segunda banda, queimou o amplificador de guitarra e a bola de neve foi aumentando. Somado o atraso, o lugar grande demais com público de menos (umas 800 pessoas no momento mais cheio), a demora entre as bandas, o remanejamento do Cordel e a debandada do público depois deles, o clima ficou meio que de enterro. E o cansaço foi batendo com força. Por termos conhecido os organizadores e entendido que esses erros são normais, principalmente pra que está realizando a primeira edição de um evento com aquelas proporções, tentamos segurar a onda, guardar o que restava de instigação pra fazer uma apresentação que valesse à pena àqueles que estavam ali pra nos ver - e teve gente que disse ter ido apenas pra isso. Acontece que o corpo é um bicho danado que raramente obedece plenamente ao que a mente manda. Enquanto na imaginação conseguíamos brincar com o que poderíamos fazer no vindouro show pra, quem sabe?, umas 10 pessoas - como cantar correndo entre o público, entre outras idéias impublicáveis -, as pernas começaram a doer, o sono a aparecer com força e a voz a falhar.

Aï entrou o respeito a nós mesmos, ao nosso cansaço, à música que executaríamos pessima e falsamente e, por consequência, ao público: achamos melhor deixar o show pra uma outra oportunidade, em condições um pouco mais favoráveis. No palco, quando tomamos essa decisão, uma banda de Salvador mais criticava o evento do que tocava. Melhor não fazer o público passar por uma dessas, concordam?

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A gente ia tocar pra essa quantidade de gente, mais ou menos com o dia clareando desse jeito

Tava na hora de todo mundo ir pra casa dormir. Os mesários nem se mexiam ao pedido dos bahianos de ajeitar o retorno pro baterista no palco. Quem ainda estava lá demonstrava óbvio cansaço. Melhor descansar mais cedo, então.

Não guardamos nenhum tipo de rancor ou algo do gênero por não termos feito o show. Muito pelo contrário: depois de termos vendido todos os cds da Nuda que restavam e ainda algumas camisas, além de ter ouvido o que ouvimos de algumas pessoas por lá, queremos mais é voltar logo!


2 - Integrante do Lumo

Deixei essa parte pro final de propósito, porque como integrante do Lumo essa viagem foi muitíssimo positiva. Descobrimos essa movimentação em Mossoró a partir de uma pesquisa que fizemos no google sobre grupos que faziam trabalhos semelhantes ao nosso pelo Brasil.

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Palestras no primeiro dia

Pegamos os 277km pra Mossoró sem grandes expectativas, o que facilitou bastante pra nos surpreendermos. Ficamos hospedados num hotel sem grandes luxos, mas muito confortável. O cafezinho da manhã, naquela larica, era o bicho. Mas, bem, vou voltar ao festival. O palco era enorme, a estrutura de luz e som idem. Já começou bem, pensamos. Quando chegamos fomos direto para as palestras que rolaram por lá, e quem representou o Lumo dessa vez foi Scalia. Outra surpresa: sala lotada de gente interessada em saber os rumos da economia solidária. Fomos pra casa dormir (e acordar no outro dia pra tomar aquele cafezinho da manhã que já falei) e no sábado de manhã já estávamos no local do evento, em um debate com produtores, músicos e afins sobre o Circuito Fora do Eixo, entre outros assuntos. Esse papo gerou respostas que duraram todo o evento: gente montando coletivo, bandas mais instigadas, gente querendo aumentar a articulação na cidade, conversas bêbadas e emocionadas na madrugada com gente que a gente, até então, mal conhecia. Ah, nos dois dias rolou um feirinha que ia de artesanato até comidinhas regionais, e quem estava no Festival a trabalho poderia comer um ranguinho caseiro feito com alimentos orgânicos pelos organizadores.

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Papo extremamente produtivo no segundo dia

Queremos e vamos manter contato com o pessoal em Mossoró e estamos aqui pra trocar idéias, tecnologias, música, cultura e o que mais passar pelas nossas mentes. A porta se abriu em mais um lugar do Brasil. Temos mais é que comemorar.

7 comentários:

Filipe (Peu) disse...

Po Galera, Que Lindo isso!

Raphiro disse...

Foi emocionante, monge. to dizendo!

Anônimo disse...

os nerds v~eem tudo ao contrário. Nesse show especificamente deu tudo errado, uma viagem cansativa, o motivo principaL DEVERIA SER O SHOW NÃO ACONTECEU, DINHEIRO PERDIDO, TODO MUNDO MUITO PUTO E AINDA DIZEM QUE A VIAGEM FOI MASSA. VAMOS NÃO PASSAR RECIBO MAS ASSIM TAMBÉM SÃO FODA. e UM OUTRO AI DIZENDO QUE FOI LINDO. vVOCES ESTÃO A QUILOMENTRIOS DA REALIDADEE.

gabriel c. disse...

poxa, anônimo. vc diz isso por que não viu lá o pessoal de Mossoró instigado em coletivar as coisas.
Super empolgados de já estarem produzindo um festival desse porte.

No próximo eles já vão ter um núcleo de sonorização que vai consertar o único problema que teve o evento.

Ir lá e não ter rolado o show foi o de menos mesmo. :)

Raphiro disse...

Anônimo:

eu tche amo (com sotaque sulista e tudo, bem global).

Anônimo disse...

acho eu não sei que o motivo principal, a principal finalidade de uma banda que se diz banda é fazer o show e viajar na musica. para os nerds futuros ricos de amanhã isso é UM DETALHE, o que vale é passear e conversar com outros nerds de outras localidades sobre o futuro da cultura e o twiter. é o cumulo do coletivo!

Anônimo disse...

Uma pena mesmo não ter rolado show. Nós do Bugs ficamos decepcionados com tudo que acabou rolando. Pois também fomos lá, bancando a própria ida e volta.

Mas acredito que não é tão bem assim, 'ah, atrasou... no próximo melhora'. Nesse caso, mais do que nunca, a discussão pós-evento deve rolar. Casos como esse, não podem acontecer em um circuito que está se edificando, ao poucos, em ações específicas.

Acredito que a boa vontade do pessoal de mossoró foi gigante. Mas como sempre, quem perde são as bandas, que quando vacilam, quando deixam de ir a um festival por não terem recursos suficientes são crucificados. Ou como nesse caso mesmo, que li uma declaração, um tanto boba, de um dos parceiros (organizadores) do festival usina reclamando da atitude de desistência ao show do nuda e do bugs.

Sinceramente, parece que a culpa toda do festival ter desandado após o show da atração principal ter sido nossa. Além de não termos tocado, fica a sensação que não seremos mais bem quistos com o pessoal lá de mossoró que participou do usina.

Bato palmas pra o público de mossoró, que até onde deu, demonstrou o devido interesse pelas bandas.

Dimetrius do Bugs