sábado, 13 de junho de 2009

Como foi? Observa e Toca 13/06

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Anselmo Alvesa, Evandro e Paulo Vanderley

Durante o mês de junho o Observa e Toca tem sua programação voltada ao forró Na edição desse sábado o tema debatido foi “De Gonzaga até hoje”, com Paulo Vanderley e Anselmo Alvesa.

Paulo é o maior pesquisador da obra e biografia do Rei do Baião e começou o papo falando sobre como começou o seu contato com Luiz Gonzaga. Durante sua juventude, o pesquisador morou em várias cidades do Nordeste, entre elas Exu, cidade natal de Gonzagão e onde ele ouviu pela primeira vez o disco Sanfoneiro Macho.

Durante a pesquisa sobre a trajetória de Gonzaga, Paulo conseguiu reunir todo o seu acervo fonográfico, além de vídeos, fotos e matérias para lançar o site Luiz Lua Gonzaga. Foi esse conhecimento que ele tentou passar de forma bem resumida hoje aqui.

Entre várias fotos mostradas no telão (ele pesquisou mais de 4000 revistas para coletar esse material, além de possuir alguns negativos originais de ensaios fotográficos de Gonzaga), Paulo foi pontuando a trajetória de Luiz Gonzaga desde pequenas matérias e citações em revistas até as capas clássicas, passando pelo crescimento de sua popularidade e influência no Brasil até sua projeção internacional. Pra se ter uma noção, na década de 60 um dos ritmos mais fortes do carnaval foi o baião.

No que pederia entrar numa seção Curiosidades da palestra, Paulo mostrou fotos de Gonzaga em propaganda de cachaça, fazendo pose em casa e explorando seu inesgotável carisma e sua competência como marketeiro. O velhinho sabia se vender bem, e aproveitava as críticas positivas (como quando João Gilberto disse ter se baseado no baião pra criar a cadência da bossa-nova) e boatos (já espalharam que os Beatles iam gravar Asa Branca) pra continuar na mídia.

Anselmo Alvessa aproveitou o mote pra dizer que o Nordeste começou a existir no imaginário brasileiro depois de Gonzaga. O Rei do Baião, além de ter criado um estilo único de tocar sanfona, criou o equilíbrio acústico perfeito do baião: sanfona no meio, triângulo do lado grave da sanfona e zabumba no lado agudo. Passada a rasgação de seda merecida, Anselmo mostrou realmente a que veio: lascar o pau nos rumos atuais do que alguns teimam em chamar de forró ou forró estilizado. Depois de exibir o documentário “Eu quero meu sertão de volta” boa parte da sua raiva foi entendida: nas imagens, shows em praça pública de bandas de forró estilizado com as dançarinas com roupas bem ao estilo Brasileirinhas (quem consome algum tipo de pornografia tem noção do que eu estou falando), danças com simulações de sexo, letras cheias de machismo e, a cena mais impressionante, uma banda tocando o Créu com suas dançarinas de programa instigando uma menina de uns 4 anos, no palco, a dançar igual. Nas suas palavras, essa nova música é uma porta aberta para a exploração sexual, o alcoolismo e a pedofilia.

Paulo voltou a palavra, continuando um pouco do que Anselmo falou. Mostrou que Luiz Gonzaga já começava a se preocupar com os caminhos que o baião e o forró estavam tomando. Gonzagão deu entrevistas e até músicas sobre a preocupação com os temas abordados por muitos novos artistas do gênero, com o duplo sentido escrachado e a exploração exacerbada da temática sexual.

Pra finalizar, Paulo ainda mostrou que o Rei do Baião pode servir até como exemplo de correria pras bandas independentes dos dias atuais. Em 1980, ele e seu filho Gonzaguinha fizeram uma turnê de 8 meses que passou por todos os estados do Brasil. Foram mais de 90 shows.

Depois do bate papo, vieram o showcase de Cláudio Rabeca e Quarteto Olinda, seguido pelos shows de Mestre Librina e Puan.

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Cláudio Rabeca e Quarteto Olinda

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Mestre Librina

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Puan

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