Nesse sábado 25 rolou mais um Observa e Toca Malakoff, projeto semanal desenvolvido pela Fundarpe que vai durar o ano inteiro, cujo formato vem chamando atenção pelo seu dinamismo e poder de formação: todas as edições são iniciadas por debates acerca da cadeia produtiva da música, seguido por showcase de um artista local de renome (intercalando música e entrevista com o artista, feita pelo público) e mais duas bandas iniciantes ou na metade do caminho.
A mesa de debate dessa edição, cujo tema foi Distribuição e Circulação Musical, foi composta por Marcelo Gomão – vocalista e guitarrista da banda Vamoz! e produtor fonográfico de bandas como Candeias Rock City – e Iuri Freiberger, baterista e produtor fonográfico, que, entre outras, trabalhou no Pharmakodinamica da banda pernambucana AMP.
Iuri Freiberger, mediador e Marcelo Gomão
Gomão iniciou o debate avisando que o tema discutido era amplo demais, e que naquele momento ele gostaria de passar um panorama geral para clarear as mentes presentes, mas que o papo deveria ser prolongado na cabeça dos participantes. Nesse resumo, Gomão dividiu o processo de distribuição em três espécies: tradicional com suporte, tradicional com características de independente e distribuição de música digital.
Na distribuição tradicional com suporte, funciona o antigo modelo mainstream, onde o artista tem todo o suporte de mídia, acessoria de imprensa, produçao e megadistribuicao (a distribuição para grandes redes de supermercados e lojas especializadas, entre outros). Fato interessante levantado foi o nascimento de pequenos selos de distribuição dentro das majors, como a Slap na Som Livre, a Chaos da Sony Music e a Banguela Discos da Warner.
Já a distribuição tradicional com características de independente é aquela que abarca a maioria das bandas e consumidores da nova música. Funciona de forma mais restrita em relação às grandes massas, porem é mais segmentada e, por conseqüência, direcionada ao público-alvo. Aquelas banquinhas de CDs que vemos constantemente nos festivais são um exemplo preciso desse funcionamento. Nesse caso, a grande maioria dos custos e corres ficam mesmo por conta das bandas: gravar o CD, fazer acessoria e tudo o mais dito ali em cima.
Adendo meu: nesse momento os coletivos de todo o Brasil estão unidos para fechar um circuito de distribuição nacional. Como vai funcionar? Melzinho na xupeta, Charles: você pega seu EP, CD, camiseta e produtos afins e leva la no Lumo (se você mora em Pernambuco, claro. Em João Pessoa tem o Coletivo Mundo, em Natal tem o Coletivo Noize, em Cuiabá tem o Cubo. Por aí vai). Aí o Lumo inicia o intercâmbio, mandando teu material pros coletivos de outros estados e recebendo material dos mesmos.
Voltando.
O último modelo citado foi o da distribuição digital, que tem como carro-chefe o Myspace, seguido pelo Youtube – em que não só o artista divulga seu trabalho, vide os clipes feitos por fans. Entram também nesse bolo o Itunes e o Amazon.com. Outro meio que foge do tradicional de distribuição online é o realizado pelos cariocas do One Download, que criaram um cartão de visitas musical. Explicando: nesse cartão (físico mesmo) encontra-se a arte gráfica da banda e um código pra você depois baixar as canções.
Já Iuri Freiberger conversou sobre a importância da banda ou artista buscar descobrir seu publico para então iniciar seus trabalhos de distribuição ou “sair do seu ponto de partida e ampliar o potencial do seu trabalho”. Citou o caminho dos festivais independentes como mídia espontânea para as bandas e como veículo de distribuição dos seus materiais. Outro espaço são as feiras e afins, como a Feira de Música Brasil, que tem a abertura pra vários artistas apresentarem seus trabalhos em showcases, além do networking natural desses lugares. Também ressaltou a importância do trabalho do Casas Associadas em levantar as casas de shows que recebem com um mínimo de dignidade as bandas e artistas autorais, iniciando um circuito facilmente articulável. Pode-se citar o UK Pub aqui em Recife, que todas as terças traz bandas independentes e autorais, o Gates Pub em Brasília, o Hey Ho em Fortaleza, o DoSol em Natal e o Bar Dançante A Obra, o mais antigo bar brasileiro desse circuito, em Belo Horizonte.
Parece papo combinado, e isso não é à toa: em todos os debates os participantes ressaltam o papel fundamental das bandas nesse processo todo. Num dia em que chamarem sua banda pra tocar, cuide também da divulgação, chame seus amigos, faca uma artezinha legal e saia espalhando pelo Orkut e pelo Myspace, vá pra rua, meu chapa! E pelo amor de Deus, não espere um empresário ouvir seu som, pirar e decidir fazer tudo por vocês. Os tempos são outros e isso não vai rolar. Chora, Brasil!!
Isaar
Bom, depois disso veio a Isaar com seu regionalismo mais plural que a quantidade de “a” no seu nome. Coisa fina num palco com a estrutura que o Observa e Toca oferece sempre sai bonito. Legal ver a participação do publico fazendo perguntas mis pra moçoila. Ah, a banda é competentíssima.
Isaar
Mas eu não curto ficar resenhando shows não. Acho que tem gente que faz isso muito bem e não to a fim de entrar nessa concorrência, até porque meu papel aqui é outro. Portanto, apenas cito e ilustro fotograficamente as bandas Caravana do Delírio e Sweet Fanny Adams, que se apresentaram depois de Isaaaaar.
Caravana do Delírio
Sweet Fanny Adams
Visão geral do evento
Vai ter Facción 2017!
Há 7 anos
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