Pablo Capilé, o Sr. Mediador de Camisa Verde e Gabriel CaetanoMais um espaço ocupado para o debate sobre os processos que regem a cadeia produtiva da música, um fato a ser comemorado e aproveitado.
O círculo de debates que rolou nesse sábado contou com a participação de Pablo Capilé, do Espaço Cubo e Cuiabá e Gabriel Caetano, aqui do Lumo Coletivo, e o tema da conversa foi a Autosustentabilidade da carreira musical.
Excelente oportunidade pra quem estava lá tirar dúvidas sobre o grande elo condutor de todas as ações do Circuito Fora do Eixo: a economia solidária. Trocando em miúdos, o Espaço Cubo funciona totalmente à base do Cubo Card, sua moeda complementar que viabilizou em poucos anos o acesso dos artistas a estudio de ensaio e gravação, sistema integrado de comunicação, roupas, alimentação, transporte e até moradia a um preço bem menor que o oferecido pelo mercado.
Cubo CardsAlém disso, foi levantada a necessidade das bandas, principalmente recifenses - vale um parêntese aqui: o Mato Grosso é o estado com o segundo menor investimento em cultura do país. Já Pernambuco é um dos que mais recebem incentivos dessa espécie - de saírem da antiga mentalidade mainstream que espera que as coisas caiam do céu ou que algum produtor de renome as descubra, e passar para um ideal contextualizado com o momento, em que os artistas devem ser não só seus próprios produtores, como também agentes do desenvolvimento de toda a cadeia musical.
O debate rolou pra uma galera pequena, mas bem interessada. E agora, bem informada.E como isso funciona, em termos práticos?
Citando o exemplo da cuiabana Macaco Bong e, em menor proporção, a Nuda aqui em Recife, Pablo Capilé e Gabriel Caetano demonstraram como o trabalho dessas bandas junto aos seus respectivos coletivos vem crescendo sua potência no circuito nacional. Tudo faz parte de um grande circuito integrado, que começa desde os ensaios exaustivos para se ter um produto esteticamente viável, até a divisão de tarefas junto com os coletivos, onde os integrantes também são colaboradores e participam de todas as etapas dos mesmos. Leia-se carregamento de caia quando rola um evento, toda a comunicação e planejamento.
Pra deixar a última consideração sobre sábado e sobre toda essa coisa de que o novo artista tem mesmo é que ralar muito, fica aqui uma perguntinha:
Sua banda é convidada a tocar num festival fora do estado, mas vocês têm que bancar tudo, desde a passagem até a hospedagem. Como vocês enxergam a situação?
a) Sacanagem. Esses caras se enchem de grana e não querem pagar nada pra minha banda ainda desconhecida mundialmente.
b) Chuchu beleza! O que a gente vai gastar com essa viagem é totalmente recompensado em mídia espontânea e em futuros contatos. Vou ali fechar a mala.
A resposta não sou eu quem vai dar. Procurar resposta faz parte desse novo modelo mesmo.
Ah, pra não dizer que não falei de shows, depois do bate-papo rolaram as apresentações - também gratuitas - de DJ Dolores, Eletrorganic e A Irmandade.
DJ Dolores
Eletrorganic
Até o próximo sábado!
Um comentário:
O fato de Mato Grosso ser o estado com o segundo menor investimento em cultura do país, e mesmo assim, nele ter surgido o Espaço Cubo, o cubocard, e ter pessoas bem articuladas, é um exemplo que é passando "perrengue" que surgem idéias brilhantes e maneiras alternativas de se destacar, culturalmente falando.
Parabéns pra galera do Espaço Cubo e a vcs do Lumo.
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