quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Fogo no Cerrado, Fogo na música

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Por Daiane Líbero


As árvores do Cerrado, com sua grama rasteira e geralmente verde, não deixam mentir: é no Estado do Pantanal que se vê um número tão grande de diferenças culturais que a mescla espanta e se faz presente. E, falando de música, o ritmo frenético de produção cultural amplia a idéia restrita de quem não conhece as movimentações daqui. Dos ritmos fronteiriços herdados dos vizinhos internacionais; polca paraguaia ou música boliviana. A música sertaneja em doses comedidas, para que se faça justiça ás outras vertentes musicais, tem grande importância, mas não é tudo. Samba de raiz no quintal, blues na garagem? Aqui tem. Rock do bom, daqueles feitos pelas bandas que batem ponto e cerveja num bar conhecido da galera? Também tem. O que falta para o Estado ser reconhecido da forma que as pessoas que aqui moram vêem? Talvez não falte mais.

O reduto do rock campo-grandense será a morada, em dois dias, de tudo de bom que tem sido feito por essas bandas mescladas e morenas, nessa cidade, nesse estado. Isso tudo irá se misturar com os sons de alguns estados país afora feito água gelada e erva-mate, mostrando que o calor é grande, mas a vontade também. O nome não poderia ser mais significativo: “Fogo no Cerrado”. O pantanal vai testemunhar e, o Barfly, localizado na Av. Ceará, vai ficar pequeno demais. E quente.

Serão 16 bandas ao todo, em dois dias de Festival. Tudo feito com independência, sensatez, vontade. Desse número grande de apresentações, nove atrações serão locais e sete serão importadas do cenário nacional que, um dia, porque não, também importará bandas daqui.

Os dias 12 e 13 de Dezembro de 2008 foram escolhidos para que o Festival se realize, numa iniciativa inédita, e entre para o calendário de eventos não só da cidade, mas de preferência, do estado. As movimentações que serão geradas por ele são reflexos das iniciativas semelhantes por todo o país. As cenas estão se movimentando, fazendo eventos que dão certo. A intenção é que passe um público de 1 mil pessoas nos dois dias de evento, movimentando informação e música.

A própria informação rápida e certeira, aliada á tecnologia, é uma das bandeiras do Fogo, em sua primeira edição. Grande parte das bandas (senão todas) possuem sua divulgação maior na internet, aliada na postagem de músicas e novidades. Nos dois dias de festival o público terá à disposição uma ilha de mídia digital com 4 computadores, onde será possível acabar de ver um show e, depois de tudo devidamente registrado com uma câmera digital, por exemplo, postado para que muitas pessoas visualizem. Tudo em tempo mais que real.

O espaço estrutural para quem vive na cena sem necessariamente fazer música – e faz sua música de formas diferentes – também estará lá: haverão estandes de fanzines, camisetas, material das bandas, produção artesanal ligada à música, cds, dvds. O espectador do festival pode ir lá e ver mais do que apenas música, mas também produtos relacionados, além de viabilizar a circulação do material genuíno e independente.

As bandas locais deixarão sua marca nos dois dias, misturadas, na programação, aos forasteiros. A primeira hora do primeiro dia, ás 22 horas, trará o trio hardcore punk de riffs que culminam em rodas de pogo e moicanos voando, conhecido pelos cds independentes feitos à mão pelo próprio vocalista, o Repúdio cxgx. Em seguida, sobe ao palco mais uma das misturas do Fogo no Cerrado: hip-hop cotidiano e periférico do Falange da Rima, já conhecido e apreciado pelo público.

A meia-hora de show seguinte recebe a primeira banda de fora a tocar: Nevilton, do Paraná, banda que leva o nome do vocalista, trazem de volta o rock alternativo depois de passarem uma temporada tocando em Los Angeles. A mistureba de estilos tende a continuar, e a banda que tocará ás 23:50 é mais uma banda do estado, Mandioca Loca, polca rock que sublinha as influências fronteiriças. O Paraná volta à cena no show seguinte, da Fluxodrama, veterana em festivais como o Curitiba Rock. Bando do Velho Jack, figurinha carimbada do rock do MS, principalmente nas festas de motociclismo, é quem ligará as guitarras e instrumentos depois dos paranaenses.

Ainda no dia 12, o tempo passará deveras rápido, com ótimos shows. Á uma da manhã, sem nacionalidade definida, já que se considera uma banda de São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, a Revoltz entra em cena, rock de melodias fofas e letras irônicas. Quem fechará a noite será a Link Off, mistura eletrônica com peso.

O dia seguinte, 13, continuação do Festival, misturará um número maior de estados de origem através das oito bandas que pisarão no palco do Barfly. Começa ás 22 horas com mais uma banda do cerrado, Noradrenalina, que define seu rock com simplicidade. Outra do MS, Facas Voadoras, pluga o som num power-trio interessante e com levadas “voadoras”. A seguir, São Paulo nos exporta a Orange Disaster, que promete escapar da tensão da grande metrópole vindo fazer rock bem aqui no meio do Pantanal. Tonighters, mais uma paranaense, fará seu show performático e, segundo os próprios, “desastroso”. Voltando para a nuance local, Jennifer Magnética, outro trio prodígio do rock do estado, mostrará o que o CD “Placenta”, lançado há poucos meses, tem de bom. Vizinho de região, Motherfish, de Goiás, com dez anos consolidados na cena, e proposta de influências diversas no rock, é quem faz o show seguinte.

A vez então é da banda Dimitri Pellz, ou, “o caos encarnado nos cuspes de cerveja”, mais um prodígio da cena alternativa de Campo Grande, mais um show que promete pelo desempenho e pelas músicas que possuem “cadência perfeita”. Quem fechará de vez o Fogo no Cerrado, apagando as chamas, mas não as faíscas, na saideira, é a banda de outro vizinho de região: Macaco Bong deixa a marca de Cuiabá, e talvez traga para somar com as ondas daqui, junto com seu som que desconstrói estilos e constrói rock, o calor que costuma fazer por lá.

A espera por um festival que trouxesse, além das atrações, público tão diverso, parece ter findado. O Festival aguarda que o público se mostre tão veemente e intenso como sempre foi, para que a hospitalidade pantaneira faça com que as atrações voltem nos próximos anos.

Mais do que tudo isso que irá acontecer nos dois dias de Fogo no Cerrado, o que espera promete mexer com estruturas, como num verdadeiro incêndio, com cores vermelhas, música diversa e muito, muito calor. Campo Grande será colocada no eixo de grandes festivais independentes, e o público por aqui arderá enquanto espera pela próxima edição. Música genuína e independente de diversos estilos, cultura local, movimento na cena underground, serão celebrados nas duas noites, com muita versatilidade e vontade. Um brinde, com fogo!

Programação:

Sexta - 12/12/2008
02:30 after party - Link Off (MS)
01:50 Revoltz (RS/MT/MS/SP)
01:10 O Bando do Velho Jack (MS)
00:30 Fluxodrama (PR)
23:50 Mandioca loca (MS)
23:10 Nevilton (PR)
22:30 Falange da Rima (MS)
22:00 Repúdio CxGx (MS)


Sábado - 13/12/2008
03:10 after party - discotecagem rock
02:30 Macaco bong (MT)
01:50 Dimitri pellz (MS)
01:10 Motherfish (GO)
00:30 Jennifer magnética (MS)
23:50 Tonighters (PR)
23:10 Orange disaster (SP)
22:30 Facas voadoras (MS)
22:00 Noradrenalina (MS)

http://www.fogonocerrado.com


2 comentários:

Anônimo disse...

Seleção muito boa de bandas, e ousada, uma vez que são poucas figuras mais carimbadas, e muitas eu mesmo não conhecia e já gostei pelo que ouvi pelos myspaces da vida. Por mim só vinha outra dessas carimbadas no lugar de Macaco Bong, que apesar de queridinha, não só não me atrai tanto como já veio para cá.

Mas é isso, parabéns pelo festival, só pelas bandas daqui já valia a pena ir nas duas noites, quanto mais com essas bandas legais de fora! Estou ansioso! É Fogo!

Letz Spindola disse...

rrrrock!