quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Entrevista: A Banda de Joseph Tourton

por Ricardo Maia Jr.

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Foto: Flora Pimentel

Primeira banda a participar do projeto Fonograma da Casa - parceria entre a Aeso e o Lumo Coletivo - A Banda de Joseph Tourton promete uma apresentação instigante para esta Sexta-Feira (07/11), no auditório da Aeso, começando às 11h.

"Da união de alguns dos ex-integrantes da extinta Psicopatas, com algumas caras novas da cena musical pernambucana, surgiu, em Agosto de 2007, A banda de Joseph Tourton. Fazendo da música instrumental objeto de trabalho, a banda do homem que ia pedir pizza mas não sabia o próprio endereço abusa do improviso em suas composições, utilizando os mais variados elementos, combinando guitarras pesadas e delays mirabolantes a sons eletrônicos e elementos suaves como a flauta e a escaleta, sintetizando uma verdadeira turbulência de sensações sonoras. Toda essa peculiaridade está presente no EP, homônimo da banda, lançado em maio de 2008, onde os garotos demonstram entrosamento e um vigor musical diferenciado, quebrando todos os paradigmas possíveis e tornando o céu cada vez mais distante do limite" - Caio Lemoine, amigo, inimigo e crítico (Roubado do www.myspace.com/josephtourton).

Formação:
Diogo Guedes (Guitarra e efeitos)
Gabriel Izidoro (Guitarra, escaleta e flauta transversal)
Rafael Gadelha (Baixo)
Antônio Paes (Percussão)
Pedro Bandeira (Bateria)

*Entrevista realizada por e-mail com os integrantes Diogo Guedes, Gabriel Izidoro e Rafael Gadelha.

Ricardo Maia Jr. - Por que instrumental?

Joseph Tourton - A banda surgiu de jam sessions. Talvez se naquela epóca aparecesse alguém disposto a cantar e entrasse no clima que a banda estava, as composições poderiam não ser instrumentais. Hoje em dia a gente pensa que fazer música instrumental é fazer músicas mais livres, tanto pro músico, onde cada instrumento fica mais sensível sem a presença de um frontman, quanto pro público, já que não existe a objetividade de uma letra, abrindo um leque maior das interpretações de uma composição. Também conta o fato de que ninguém na banda escreve.


R M - O que representa fazer som em Recife-PE-BRAZIL?

J T - Recife é um lugar maravilhoso para fazer música! Tem bandas geniais aqui, mas pra levar a idéia adiante tem que ter muita coragem e amor pelo que faz. Aqui a gente tá sempre reclamando que não tem lugar pra tocar mas isso é culpa nossa mermo, o show do Macaco na Moeda tá aí pra provar isso.


R M – Quais os limites para o som e a ambição de vocês?

J T - Acreditamos que não há limites para o "som". Não vai chegar uma hora em que a gente não vai saber mais o que fazer, saca? Existem sempre novos caminhos a ser trilhados. Gostamos de deixar a música fluir, mas sem cair na enrolação. É ela que acaba condenando muitas bandas instrumentais em apresentações ao vivo. A gente que é músico acha fritação um negócio arretado! Nada melhor que passar meia hora tocando um riff enquanto o resto da galera improvisa por cima, mas nem todo mundo gosta disso. Na hora de compor a gente se preocupa muito com a dinâmica das músicas. A música é livre, mas tem que ser objetiva. A nossa ambição é fazer música que sempre soe como novidade, atingir um público maior, fazer uns shows fora da cidade, quem sabe.


R M – Como vocês procuram usar a mída e como se dão com ela?

J T - A internet foi nossa melhor amiga desde o início. Muita gente chegou até nós através do MySpace e faz pouco tempo que a galera começou a comprar nosso EP. Os blogs também têm ajudado bastante com críticas do EP e com as resenhas que a galera faz dos nossos shows. Vez ou outra a gente procura pelo nome da banda no Google. Haha


R M – Que influências extra-musicais?

J T - Rapaz... Deve ser algo na cerveja do Recife Antigo. Vôos sinestésicos, Aldous Huxley...


R M – O que vocês estão preparando p'ra esse show na Aeso?

J T - Estamos ensaiando bastante, criando coisas novas. As músicas mais antigas estão em constante mudança nos ensaios e as mudanças estão sendo feitas com bastante esmero. Várias dessas mudanças já vão ser apresentadas no show.


R M – O que é preciso fazer p'ra área musical ter mais profissionalismo?

J T - O passo inicial é a colaboração e o respeito mútuo entre todas as pessoas envolvidas na música, do iluminador de palco ao músico, passando por produtores, técnicos de PA, etc. Quando se tem um ambiente favorável para expor sua música e você se sente a vontade com aquilo, o profissionalismo vem como uma conseqüência. Essa cultura de que banda nova tem mais é que tocar em som ruim e pra pouca gente não cola mais.


R M – Por que uma banda de um homem sem rosto (Joseph Tourton)?

J T - Essa idéia do cara sem rosto foi muito doida. Quando começamos (o guitarrista Diogo, Laura Morgado, Tainá Tamashiro e Mauro Fidélix) a bolar a identidade visual da banda pra capa do EP, a gente tinha uma viagem que Joseph Tourton tinha sido um piloto desaparecido e na verdade ele não podia ter rosto mesmo, pois as fotos foram conseguidas meio que sem autorização do Sr. Tourton que aparece nelas. Muito boa a forma como a gente conseguiu gerar uma coerência entre o som, o nome da banda e o piloto sem rosto.


R M – P'ra quem vocês pagam o pau na música?

Gabriel - Fernando Catatau.
Diogo - Manu Chao, Omar Rodriguez-López e Lúcio Maia.
Laga - Thom Yorke, Catatau, Hurtmold. Macaco Bong passou por aqui e me deixou de cara.
Pedro - Asian Dub Foundation.
Antônio - Miles Davis.
Luyde - Mogwai.


R M – Qual a importância de coletivos envolvendo bandas e outros profissionais da área?

J T - Hoje em dia os coletivos são a grande sacada pras as bandas independentes. É a melhor maneira de se trabalhar profissionalmente de forma colaborativa usando mão-de-obra especializada. Reunir quem tá interessado em fazer acontecer e botar as idéias na prática.

www.myspace.com/josephtourton

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